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Mensagens que resistem
Aqui vos deixo o primeiro poema que publiquei no Jornal da região e reporta-se aos tempos conturbados a seguir ao 25 de Abril, com a morte de um jovem nos confrontos na Praça da Liberdade na Cidade do Porto, na véspera do primeiro de Maio de 1975, já perto da meia noite.
QUASE MAIO
Em véspera de Maio encontrei-te na praça engalanada d’Abril
E de cravo ao peito, cantas-te comigo “No Lago do Breu”.
Que fulgor o teu! Na mão a lancheira, na lapela o cravo
E o brilho nos olhos dos teus vinte anos.
Estavas alegre e tinhas na Alma a força de Maio!
Quando recitaste o teu canto novo
Cantando um hino de esperança, lado a lado subimos a calçada
A cidade amordaçada e o meu irmão jaz morto
Deixe-me agastar num mar de desgosto.
Desci a calçada estreita, embrenhado num silêncio
Que jamais será consentimento.
A cidade e o teu corpo salpicados de sangue
Cor do teu cravo d’Abril.
E dolentes na noite badalavam os sinos da Sé
Já era Maio!..
